segunda-feira, 8 de março de 2010

Confira texto de Alexandre Santos sobre a exposição que abre dia 11, de março


Da referência ao artifício

Se em muitas culturas o céu é manifestação da transcendência e da sacralidade, os céus artificiais de Diego Amaral e Túlio Pinto são profanos por excelência. Em sintonia com a contemporaneidade artística, estes céus privilegiam o diálogo entre dois processos artísticos diante de um site specific que lhes serve de desafio. Em detrimento das referências mais óbvias, nos céus bidimensionais de Diego percebe-se um apelo à ausência, comparado ao ambiente obscuro da galeria. Nas suas imagens, situadas entre o registro performático e paisagístico, os elementos gráficos servem para desfazer expectativas representacionais, ao mesmo tempo em que alinham a reprodutibilidade técnica com o fazer manual. Por outro lado, a partir dos seus arranjos tridimensionais, Túlio propõe céus compostos de ar e leveza, que brotam do abismo quase vertiginoso da galeria. São céus lúdicos e efêmeros que flutuam sob os nossos pés, trazendo relações de equilíbrio e limite entre os mais prosaicos materiais. Apesar de suas diferenças, ao constituírem uma ambientação poética inquietante, estes dois artistas são complementares e nos lembram, por outro lado, que o céu é efetivamente um corpo paradoxal: informe e infinito de possibilidades.

Alexandre Santos
Março de 2010

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